O objetivo deste projeto é investigar como se deu o registro da história de uma prática ancestral, como a capoeira, que embora remonte às senzalas no período colonial, ainda não teve o devido reconhecimento social. Dadas as lacunas desse registro, pretende-se entrevistar mestres com extensa experiência na transmissão desta cultura com o objetivo de reconstruir, por meio de suas narrativas de vida, as contribuições dessa prática ancestral para a formação de gerações de jovens afro-descendentes. Embora o Estatuto da Igualdade Racial reconheça sua importância histórica, cultural e política e a considere fundamental para a formação das novas gerações, prevendo, inclusive sua introdução nas escolas, sua prática ainda encontra obstáculos neste âmbito. Daí propormos, como parte da pesquisa, oficinas de capoeira em duas escolas, visando contribuir para a formação de professores para o ensino da história e cultura afrobrasileira e africana. A abordagem teórica, baseada em conceitos, como educação e emancipação, sustentados por Theodor W. Adorno e de luta por reconhecimento, defendido por Axel Honneth, serão fundamentais para ressignificar o conteúdo crítico das letras das músicas e significado simbólico do jogo da capoeira e de seus rituais, como parte fundamental do reconhecimento de uma cultura afro-brasileira amplamente difundida em praticamente todos os continentes.