Pesquisadora de pós-doutoramento: Valdirene Rosa de Souza
Professores da docência compartilhada: Eleine Cabral dos Santos (português) e Eder do Carmo de Souza (matemática)
O projeto de pós-doutoramento intitulado Visibilização de saberes e culturas afrodiaspóricas e africanas no ensino de matemática anseia, numa perspectiva decolonial sob a égide dos estudos em Etnomatemática, introduzir nas docências compartilhadas com os professores Eleine Cabral dos Santos (português) e Eder do Carmo de Souza (matemática) da escola parceira: CEU EMEF Presidente Campos Salles, práticas culturais que possibilitam evidenciar os saberes de africanidades, o legado cultural oriundos de diversos povos africanos, bem como, as produções intelectuais subalternizadas ou apropriadas pelo ocidente moderno.
Essa perspectiva permite dialogar o saber horizontalmente, construindo outras formas de pensar e produzir conhecimento, e consequentemente, consolidar o debate sobre as relações étnico-raciais, valorizar a diversidade, promover a alteridade e abrir caminhos para uma educação antirracista.
Data – 22 de março de 2023
Neste encontro, examinamos a localização dos continentes no mapa do mundo, especificamente, o continente Africano e lançamos questionamentos quanto às posições norte-sul do mapa para provocar nos estudantes indagações e prováveis respostas em relação à representação cartográfica. E seguida, problematizamos com a História em Quadrinhos (HQs) da personagem Mafalda (do Quino) e com o mapa intitulado “América Invertida”, criado pelo pintor modernista uruguaio de nome Joaquín Torres García.
Na HQs, a amiga da Mafalda de nome Liberdade, indaga a disposição da Terra, em que o Norte é colocado “em cima” e o Sul é mantido “embaixo”. Mesmo que na maioria dos mapas o polo Norte aparece em cima, não existe parte “de cima” ou “de baixo” no universo, apenas para o Norte e para o Sul, ou seja, não há razão científica para o norte estar no topo de todos os mapas.
Já o pintor modernista, Joaquín Torres García inverteu o posicionamento do Sul para o topo da imagem e utilizou da geografia para afirmar a valorização e o desenvolvimento de uma arte especificamente latino-americana. Uma critica a hegemonia exercida pelos países e culturas do “Norte”, a constante busca da globalização pela ‘homogeneização’ dos povos, bem como e à excessiva valorização de tudo que vem deste hemisfério.
A forma convencional de representar o mundo foi concebida a partir de um modelo europeu de ciência, manifestando, em determinadas ocasiões, algumas concepções eurocêntricas. Esse caráter ideológico das ciências construiu a visão de mundo a partir do Norte, que hoje abriga a maior parte dos países desenvolvidos.
Em suma, as expressões como “nortear-se” ou “orientar-se” guardam em si significativos conceitos construídos historicamente. Esta proposição, de olhar o mundo de maneira não convencional, implica no questionamento de uma série de valores estabelecidos.